domingo, 28 de setembro de 2008

Reflexões sobre o Consumo Responsável

Le Monde diplomatique Brasil

O consumo está na ordem do dia. Para o bem e para o mal. Precisamos consumir para viver. A pergunta é: o que consumimos? O que tem a ver a necessidade humana de bem viver com a atual explosão do consumo, com a cultura do que é efêmero e descartável? O consumismo tornou-se uma grande armadilha para o ser humano e para o planeta. Até que ponto o consumo responsável pode ajudar na superação da atual crise de alimentos no mundo? Não podemos separar o movimento mundial pelo consumo responsável da necessidade de uma política de segurança alimentar para todos os seres humanos do planeta. O direito à alimentação deve ser associado ao consumo e à produção sustentáveis.

Em vez de sermos meros consumidores de um modelo econômico que impõe valores e produtos, optamos por uma consciência crítica como consumidores que desejam decidir sobre o que compram e o que comem, tendo em vista as nossas necessidades como seres humanos e não as necessidades do capital e ainda, as necessidades do planeta, com base nos princípios da simplicidade voluntária, da austeridade e da sustentabilidade.

A mudança nos padrões de consumo foi um dos grandes temas discutidos na IV Conferência Internacional sobre Educação Ambiental, realizada de 24 a 28 de novembro de 2007, em Ahmedabad (Índia). Este debate foi ainda mais “esquentado”, enfatizado, reiterado nesta conferência por conta dos alertas lançados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre o aquecimento global, que vai incidir cada vez mais sobre o estilo de vida das pessoas. Se não mudarmos o modo de produzir e reproduzir nossa existência, estaremos pondo em perigo toda a vida do planeta.

A Declaração de Ahmedabad reflete esse novo contexto. De certa forma, ela lembra um pouco a primeira versão da Carta da Terra do Fórum Global da Rio-92, um chamado para a educação para uma vida sustentável. Os debates foram dominados pela presença de um pensamento central da obra de Gandhi: “minha vida é minha mensagem”. Sem dúvida, precisamos dar exemplo, precisamos ser a mudança que pregamos. A Declaração de Ahmedabad deixa isso claro: “o nosso exemplo é muito importante. Pelas nossas ações, acrescentamos substância e vigor à busca por uma vida sustentável. Com criatividade e imaginação precisamos repensar e mudar nossos valores, nossas escolhas e as nossas ações. A sustentabilidade precisa ser concebida a partir de outros pontos de vista. Não só a partir da noção de desenvolvimento.

Em Ahmedabad, foi muito debatido o aquecimento global. Insistiu-se que, no que se refere a esse tema, o risco é planetário, mas as soluções são locais. A questão do clima não está separada da do crescimento econômico e a questão do crescimento econômico está ligada à relação entre as nações e às demandas por cooperação, eqüidade e transparência.

Precisamos comer para sobreviver, mas, diferentemente dos animais, não nos alimentamos por puro instinto. Sentimos prazer ao nos alimentar e podemos fazer escolhas. Transformamos o ato de comer num ato muito significativo. Não é uma mera satisfação de uma necessidade instintiva. Comer é também um ato cultural. As sociedades o transformaram num ato social. Há uma variedade enorme de alimentos e há alimentos suficientes para todos os habitantes da Terra. Falta distribuí-los eqüitativamente. A melhor escolha da comida é aquela produzida localmente e a pior é a que vem empacotada, de longe, e que produz muito mais lixo (produtos industrializados) e mais custos sociais e ambientais. Trata-se de saber, de conhecer, como os produtos que consumimos foram produzidos. Conhecer todo o sistema de produção alimentar.

As recomendações de Ahmedabad destacaram a necessidade de um “novo sentido de urgência” e de um “novo paradigma”: “nós não precisamos mais de recomendações para incrementar mudanças; nós precisamos de recomendações que ajudem a transformar nosso sistema econômico e produtivo, e apontem para maneiras de viver radicalmente”. Precisamos redefinir a noção de progresso para sermos felizes e vivermos de forma sustentável e em paz. Porque, como dizia Gandhi, “o mundo tem o suficiente para atender as necessidades de todos, mas não para a ganância de cada um”.

Essa é a temática tratada no terceiro volume da série Le Monde Diplomatique Brasil. Com o título Reflexões sobre o Consumo Responsável, essa edição traz importantes subsídios para educadores, pesquisadores, movimentos populares e demais interessados a respeito dessa discussão tão atual, urgente e necessária. As contribuições que compõem esta edição vêm de quatro articulistas franceses e três latino-americanos, um deles brasileiro.

Com críticas e argumentos contundentes, o escritor uruguaio, Eduardo Galeano abre o debate em “O império do consumo”. Fala do consumo desenfreado, das modernas formas de indução à prática do consumo e da necessidade e importância social de freá-las o quanto antes.
O texto seguinte, “Por uma agricultura multifuncional”, de José Bové, líder dos agricultores franceses, relata como surgiu, a que se opõe e o que defende o movimento que desmontou lojas do Mc Donald’s e ajudou a enterrar a Rodada do Milênio da Organização Mundial do Comércio. Em “As metamorfoses da carne”, Pascal Lardellier traz a questão da espetaculização dos alimentos promovida pelos gigantes norte-americanos da indústria agroalimentícia, os restaurantes fast-food, que oferecem uma carne caricata e desencarnada, como estratégia inteligente, na indução, no ataque indelével, principalmente, às crianças, futuros consumidores. “Se existe um amplo consenso sobre os objetivos a atribuir a uma política agrícola renovada — melhor garantia de segurança sanitária nos alimentos, multifuncionalidade, desenvolvimento durável —, as divergências são profundas sobre os modos de fazê-lo”, conclui Jacques Berthelot, em seu artigo “Modelo cidadão camponês”.

Já Annie Thebaud-Mony, com seu artigo “Tope tudo pelo emprego”, chama atenção para a situação das sociedades e dos trabalhadores modernos, cada vez mais vulneráveis às pressões do capital. Trazendo a questão para o panorama latino-americano, o pensador chileno, Jacques Chonchol, comenta em “A soberania alimentar” a relação entre a agricultura e os fenômenos da subalimentação e da fome, apresenta as possíveis opções para um futuro imediato (2010), polêmica na qual toma partido por uma das hipóteses em voga, não sem antes refletir sobre a situação em diversas latitudes do mundo. Finalizando, o professor Pedro Roberto Jacobi, brasileiro, enfatiza, em “Desafios para práticas de consumo sustentável”, a necessidade de promover uma política de consumo sustentável que leve em conta a realidade dos limites ecológicos da Terra, que promova justiça social e que seja politicamente viável.

Logicamente, o assunto não se esgota aqui. Há muitas contribuições não contempladas, há muito a ser discutido, pensado, repensado. Por enquanto, são essas as sugestões que oferecemos para incentivar e enriquecer a reflexão.

Disponível em: <http://diplo.uol.com.br/2008-06,a2456>.
Acesso em: 28 set. 2008.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Com a palavra, Betinho

Com a palavra, Betinho
Empresa pública e cidadã
Herbet de Souza
Texto publicado em 1997
Está cada vez mais difundida, nos vários setores da sociedade, a idéia de que a atual situação do mundo requer atenção especial das empresas para a dimensão social. Mesmo de modo ainda disperso, a questão voltou com força total nas relações entre Estado, mercado e sociedade. Várias empresas no Brasil desenvolvem, há anos, nos mais diferentes campos, projetos socioculturais: educação, meio ambiente, crianças de rua, geração de renda, cinema, teatro, música, literatura, patrimônio, artes plásticas, entre outros.As empresas, públicas ou privadas, queiram ou não, são agentes sociais no processo de desenvolvimento. A dimensão delas não se restringe apenas a uma determinada sociedade, cidade, país, mas também diz respeito ao modo como se organizam e, principalmente, atuam. Nos países desenvolvidos, de economia de mercado, as empresas introduzem variáveis sociais nos critérios de gestão e desenvolvimento. Há cada vez mais a necessidade de demonstrar à sociedade que não se progride sem a pureza do ar, o desmatamento das florestas e a dignidade da população.
Na França, desde 1977, é legalmente obrigatória a publicação do balanço social das empresas com mais de 750 empregados, o que comprova a importância dada pelas sociedades desenvolvidas à gestão empresarial. Para a grande maioria dos empresários brasileiros, contudo, o conceito ainda é novo.
O que é, afinal, o balanço social? Segundo Nelson Gomes Teixeira, é “um instrumento colocado na mão de empresários para que possam refletir, medir e sentir como vai tal empresa, o seu empreendimento no campo social”. Trata-se de uma avaliação para medir e julgar os fatos sociais vinculados à empresa, tanto internamente (empresa/empregados) como externamente (empresa/comunidades).
Assim, o balanço social atende a todos. Para os dirigentes, oferece os elementos essenciais para as decisões sobre programas e responsabilidades sociais que a empresa venha a desenvolver. Os empregados têm a garantia de que as expectativas cheguem até os patrões de uma maneira sistematizada e quantificada. Os fornecedores e investidores passam a conhecer a maneira como a empresa encara responsabilidades em relação ao quadro humano o que representa um indicador de como a instituição é administrada. Todo esse processo chega até os consumidores, que verificam a qualidade dos produtos. Há uma aproximação entre a empresa e o mercado consumidor.
Quanto ao Estado, cabe a concessão de subsídios, importantes para elaboração de normas legais que regulamentem, da maneira mais adequada, a atividade das empresas para o bem-estar individual e da comunidade. Sem distinção, chegando ao lucro sem ultrapassar os limites sociais. Por conseqüência, mais lucro, maior satisfação dos funcionários e consumidores.
É possível pensar nesta realidade: ter não somente um balanço financeiro das empresas, mas um social, para que o conjunto da sociedade tome conhecimento do que já avançamos e do que teremos ainda a avançar nessa direção. Significa uma grande contribuição para a consolidação de um Estado verdadeiramente democrático, social e público. Um instrumento imprescindível à população, maior interessada no avanço de cidadania em nosso país. Afinal, é ela a destinatária dos serviços, públicos ou privados.
Os tempos e as consciências estão maduras maduros para que essa idéia caia em terreno fértil e se transforme em realidade. Que cada um tome a iniciativa e faça a sua parte, enquanto há tempo. O Brasil não pode esperar que o desenvolvimento passe por cima dos interesses e das cabeças de milhões de pessoas. Com isso, mostramos que não somos mais indiferentes à distância, cada vez maior, entre os que têm e os que não têm. E mais: trata-se de uma conquista duradoura, que se volta ao bem-estar social. Sem dúvida, a sociedade vai ser a maior beneficiada, com propostas concretas de melhores condições de vida. Um país mais transparente, cidadão.
Contexto
Pioneirismo social
Na década de 1960, nos Estados Unidos e na Europa, o repúdio da população à Guerra do Vietnã deu início a um movimento de boicote à aquisição de produtos e ações de empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigia nova postura ética, e empresas passaram a prestar contas de suas ações e objetivos sociais. No Brasil, a idéia começou a ser discutida na década de 1970. Apenas na década seguinte surgiram os primeiros balanços sociais de empresas. A proposta, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando Betinho lançou, em junho de 1997, campanha pela divulgação voluntária do balanço social.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Aquecimento global gera mais preocupação do que atitudes, diz pesquisa

EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo


Que a mudança climática é importante, isso nenhum entrevistado discorda. Porém, segundo pesquisa feita sobre o tema pelo Iser (Instituto de Estudos da Religião), do Rio de Janeiro, ninguém está muito interessado em transformar a preocupação com esse tema em ações concretas. Para as pessoas ouvidas no levantamento, o ônus da ação é quase uma exclusividade do governo federal.

"No caso dos congressistas fica bem claro a situação. Se o assunto não estiver na boca do povo, se o executivo não tomar a iniciativa, não são eles que vão puxar o tema", afirma a cientista social Samyra Crespo, organizadora da pesquisa qualitativa, que contou com financiamento da Embaixada Britânica no Brasil.

O trabalho ouviu 210 lideranças das áreas da mídia, do Congresso Nacional, das ONGs e da iniciativa privada.

No caso dos políticos brasileiros (foram ouvidos 30 no total, divididos em quatro do Senado, seis de Assembléias Legislativas e 20 da Câmara dos Deputados), fica evidente a posição constatada pelo trabalho.

Do total da amostra, 16 disseram que cabe ao governo federal tomar a dianteira para a mitigação das mudanças climáticas. Apenas dois disseram que isso é papel do próprio Congresso Nacional. Além de sete omissões, receberam votos nessa pergunta as universidades (2), os empresários (2) e os proprietários de terra (1).

A tabulação das respostas dadas pelos políticos brasileiros também mostra um certo desconhecimento da classe com o tema das mudanças climáticas.

Ao responderem a pergunta "Como considera o seu grau de conhecimento sobre as mudanças climáticas", apenas um disse que é bastante abrangente. Outros nove responderam "bom, mas incompleto", 18 disseram explorando e aprendendo mais e um admitiu que conhece pouco do tema.

Dos 21 que responderam sobre quando eles ouviram falar pela primeira vez da questão climática, 18 disseram a partir dos anos 1990. Os outros três já conheciam a questão antes.
Segundo Crespo, a iniciativa privada, mostra a pesquisa, também aguarda um posicionamento do governo federal para agir com mais ímpeto.

"Os empresários querem, na verdade, saber mesmo quanto tempo eles terão para começarem a reduzir suas emissões [de gases que contribuem para o efeito estufa]", afirma Crespo.
E isso, segundo ela, depende de uma sinalização que só pode ser feita por uma política nacional de mudanças climáticas.

Disponível em: <
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u446328.shtml>.
Acesso em: 18 set 2008.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Globo Amazônia

Novo portal vai mostrar queimadas e desmatamentos em tempo real.

Você poderá protestar contra a devastação e ler as notícias sobre a região

Informar, monitorar, fiscalizar, protestar em tempo real a Amazônia.

Disponível em: <
http://www.globoamazonia.com>.

domingo, 7 de setembro de 2008

'Comam menos carne', diz principal cientista da ONU

BBC Brasil.com

As pessoas deveriam considerar comer menos carne como uma forma de combater o aquecimento global, segundo o principal cientista climático da Organização das Nações Unidas (ONU).
Rajendra Pachauri, que preside o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), fará a sugestão em um discurso em Londres na noite desta segunda-feira.Números da ONU sugerem que a produção de carne lança mais gases do efeito estufa na atmosfera do que o setor do transporte.Mas um porta-voz da União Nacional dos Fazendeiros da Grã-Bretanha disse que as emissões de metano de fazendas estão caindo.
Pachauri acaba de ser apontado para um segundo termo de seis anos como presidente do IPCC, o órgão que reúne e avalia os dados sobre clima dos governos mundiais, e que já conquistou um prêmio Nobel."
A Organização da ONU para Agricultura e Alimentos (FAO) estima que as emissões diretas da produção de carne correspondem a 18% do total mundial de emissões de gases do efeito estufa", disse à BBC."Então eu quero destacar o fato de que entre as opções para reduzir as mudanças climáticas, mudar a dieta é algo que deveria ser considerado."
Clima de persuasão O número da FAO de 18% inclui gases do efeito estufa liberados em todas as etapas do ciclo de produção da carne - abertura de pastos em florestas, fabricação e transporte de fertilizantes, queima de combustíveis fósseis em veículos de fazendas e as emissões físicas de gado e rebanho.As contribuições dos principais gases do efeito estufa - dióxido de carbono, metano e óxido nítrico - são praticamente equivalentes, segundo a FAO.O transporte, em contraste, responde por apenas 13% da pegada de gases da humanidade, segundo o IPCC.
Pechauri irá falar em um encontro organizado pela organização Compassion in World Farming, CIWF (Compaixão nas Fazendas Mundiais, em tradução-livre), cuja principal razão para sugerir que as pessoas reduzam seu consumo de carne é para reduzir o número de animais em indústrias pecuárias.
A embaixadora da CIWF, Joyce D'Silva, disse que pensar nas mudanças climáticas poderia motivar as pessoas a mudarem seus hábitos."O ângulo das mudanças climáticas pode ser bastante persuasivo", disse.
"Pesquisas mostram que as pessoas estão ansiosas sobre suas pegadas de carbono e reduzindo as jornadas de carro, por exemplo; mas elas talvez não percebam que mudar o que está em seu prato pode ter um efeito ainda maior."
Benefícios Há várias possibilidades de redução dos gases de efeito estufa associados aos animais em fazendas.Elas vão de ângulos científicos, como as variedades de gado geneticamente criadas para produzir menos metano em flatulências, até reduzir a quantidade de transporte envolvido, comendo animais criados localmente."
A União Nacional dos Fazendeiros da Grã-Bretanha está comprometida em assegurar que a agropecuária seja parte da solução às mudanças climáticas, e não parte do problema", disse à BBC uma porta-voz do órgão."Nós apoiamos fortemente as pesquisas com o objetivo de reduzir as emissões de metano dos animais de fazendas, por exemplo, mudando suas dietas e usando a digestão anaeróbica."
As emissões de metano de fazendas britânicas caíram 13% desde 1990.Mas a maior fonte mundial de dióxido de carbono vindo da produção de carne é o desmatamento, principalmente de florestas tropicais, que deve continuar enquanto a demanda por carne crescer.
D'Silva acredita que os governos negociando um sucessor ao Protocolo de Kyoto deveriam levar esses fatores em conta."Eu gostaria de ver governos colocarem metas para a redução de produção e consumo de carne", disse."Isso é algo que deveria provavelmente acontecer em nível global como parte de um tratado negociado para mudanças climáticas, e seria feito de forma justa, para que as pessoas que têm pouca carne no momento, como na África sub-saariana, possam comer mais, e nós no oeste comeríamos menos."
Pachauri, no entanto, vê a questão mais como uma escolha pessoal."Eu não sou a favor de ordenar coisas como essa, mas se houver um preço (global) sobre o carbono, talvez o preço da carne suba e as pessoas comam menos", disse."Mas, se formos sinceros, menos carne também é bom para a saúde, e ao mesmo tempo reduziria as emissões de gases do efeito estufa."

Disponível em: <
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/09/07/ult4909u5467.jhtm>.
Acesso em: 07 set. 2008.

sábado, 6 de setembro de 2008

Idec participa da criação da Norma ISO de Responsabilidade Social Empresarial

29 de Agosto de 2008

Começa nesta segunda, dia 1º de setembro, a VI Reunião do Grupo de Trabalho de Responsabilidade Social em Santiago, no Chile. O encontro é a instância prévia à aprovação e publicação da futura norma internacional ISO 26000 sobre Responsabilidade Social.Essa norma deve levar em consideração o impacto dos bens e serviços sobre os seres humanos e o meio ambiente, que abrange as práticas trabalhistas, os direitos dos consumidores e os direitos humanos.

O Idec apóia a iniciativa da ISO de elaborar diretrizes em responsabilidade social. Tais diretrizes podem contribuir para uma visão mais transparente da atuação das empresas, em comparação com os diferentes códigos de conduta adotados por elas. Além disso, ao serem instituídas por uma organização internacionalmente reconhecida, essas normas tendem a estimular a expansão do número de empresas dispostas a assumir seriamente sua responsabilidade social.

No entanto, o Idec entende que, para que os efeitos desejados sejam atingidos, as diretrizes da ISO em responsabilidade social devem:
exigir que as empresas que as usem não apenas cumpram a legislação local, nacional e regional, como também respeitem as normas e convenções internacionais; considerar toda a cadeia produtiva, pois a maioria dos problemas ambientais, trabalhistas e de direitos humanos ocorre nos fornecedores e não nas empresas. Existe uma tendência à terceirização que torna a cadeia produtiva complexa, dificultando a avaliação pelo consumidor dos impactos ambientais e sociais dos seus hábitos de consumo; considerar as fases de consumo e pós-consumo, pois as empresas dividem com os consumidores e com os governos a responsabilidade pela construção de alternativas aos atuais padrões insustentáveis de produção e consumo; garantir que o diálogo entre as partes envolvidas (consumidores, trabalhadores, governos, comunidade, ONGs etc.) seja a base sobre a qual as empresas identificarão os aspectos sociais e ambientais de maior impacto, definindo assim suas ações prioritárias; garantir a divulgação pública dos resultados desse diálogo; exigir métodos de verificação externa para assegurar a credibilidade das informações fornecidas pelas empresas e, assim, garantir a confiança do público em relação a elas; exigir a comunicação e a disponibilização de informações relevantes aos consumidores e às outras partes envolvidas, que devem ser feitas de forma clara, compreensível, consistente e, na medida do possível, que permita a comparação entre as empresas.

São esperados na reunião no Chile delegados de mais de 70 países e 37 organizações internacionais para dar continuidade ao trabalho do encontro anterior, realizado em Viena em 2007. O evento acontece entre os dias 1º e 5 de setembro no Hotel Hyatt de Santiago.

Disponível em: <
http://www.idec.org.br/emacao.asp?id=1604>.
Acesso em: 06 set. 2008