sábado, 13 de junho de 2009
Negociação de acordo para o clima avança pouco na Alemanha
Segundo o secretário-executivo da Convenção do Clima das Nações Unidas, Yvo de Boer, os países desenvolvidos estão longe de alcançar a meta de redução que a ciência diz necessária para evitar uma catástrofe climática --entre 25% e 40% até 2020, em relação aos níveis de 1990. Para ele, o nível de ambição precisa aumentar até Copenhague, em dezembro.
João Talocchi, coordenador da campanha de clima do Greenpeace, chamou a reunião de "circo" --porque a ciência e o futuro do planeta foram tratados como piada.
O Japão apresentou uma meta pífia (reduzir a emissão de gases-estufa em 8% até 2020). E Rússia e Nova Zelândia, por exemplo, nem apresentaram um objetivo.
Para Saleemul Huq, do Instituto Internacional para o Ambiente e o Desenvolvimento, "os principais países desenvolvidos ainda não estão colocando propostas sérias sobre a mesa."
Fonte: Folha de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u580489.shtml
Postado por Elizabeth Santos
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Desastres climáticos afetam 300 mil habitantes no mundo
As informações com os correspondentes, em Paris, Sônia Bridi e Paulo Zero.
Quando o ciclone Aila fez a água invadir as terras baixas de Bangladesh, esta semana, desalojou centenas de milhares de famílias e deixou 250 mortos e milhões sem ter o que comer, nem o básico para preparar comida.
As vítimas de Bangladesh, como as do Nordeste do Brasil, entram numa conta assustadora: 300 mil mortes, por ano, provocadas pela mudança climática.
Nove em cada dez mortos, estão nos países menos desenvolvidos e que, praticamente não emitem gases que provocam o efeito estufa.
O relatório do fórum humanitário global chega com o peso de 30 ganhadores do premio Nobel e alerta que em 20 anos o número de mortos vai dobrar assim como o de pessoas afetadas pelas mudanças climáticas.
Hoje são 325 milhões. Em 2030 serão 600 milhões, 10% da humanidade. A maioria sofre com a degradação do ambiente que leva à fome e o aumento das doenças.
Para fazer frente a esse desastre humanitário, os gastos com adaptação e socorro às comunidades mais pobres precisam ser multiplicados por 100, no mundo inteiro.
A apenas seis meses do encontro de Copenhague que deve determinar como as nações do mundo vão enfrentar o aquecimento global nas próximas décadas, o relatório põe uma face humana na tragédia da mudança climática.
O problema é que essa face é a dos países mais pobres e o poder de cortar as emissões, nas mãos dos ricos.
vídeo
Postado por Elizabeth Santos
terça-feira, 19 de maio de 2009
The Time to Act is Now - A Buddhist Declaration on Climate Change
The Time to Act is Now
A Buddhist Declaration on Climate Change
(p/ assinar acesse o link e vá até o fim da página, à direita)
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terça-feira, 12 de maio de 2009
Essa sociedade merece sobreviver?
O mais importante, entretanto, reside na atmosfera que criou de diálogo aberto, de sentido de cooperação e de renúncia a toda a violência na solução dos problemas mundiais. Sua sala de trabalho está coberta com os ícones que inspiram sua vida e sua prática: Jesus Cristo, Tolstoi, Gandhi, Sandino, Chico Mendes entre outros. Todos o chamam de Padre, pois continua padre católico, com profunda inspiração evangélica. Ele é homem de grande bondade que lhe vem de dentro e que a todos contagia.
Foi sob sua influência que o Presidente da Bolívia Evo Morales pôde propor à Assembleia Geral que se votasse a resolução de instaurar o dia 22 de Abril como o Dia Internacional da Mãe Terra, o que foi aceito unanimemente. Foi honroso para mim poder expôr aos representantes dos povos os argumentos científicos, éticos e humanísticos desta concepção da Terra como Mãe.
Tudo isso parece natural e óbvio e de um humanismo palmar. Entretanto - vejam a ironia - representantes de países ricos acham o comportamento do Padre muito esquisito. Apareceu há pouco tempo um artigo no Washington Post fazendo eco a esta qualidade. Dizia o articulista que Miguel d’Escoto fala de coisas estranhíssimas que nunca se ouvem na ONU tais como solidariedade, cooperação e amor. Em seus discursos saúda a todos como irmãos e irmãs (Brothers and Sisters all). Mais estranho ainda, diz o articulista, é o fato de que muitos representantes e até chefes de estado como Sarkosy estão assumindo a mesma linguagem estranha.
Meu Deus, em que nível do inferno de Dante nos encontramos? Como pode uma sociedade construir-se sem solidariedade, cooperação e amor, privada do sentimento profundo expresso na Carta dos Direitos Humanos da ONU de que somos todos iguais e por isso irmãos e irmãs?
Devemos nos perguntar pela qualidade humana e ética deste tipo de sociedade. Ela representa simplesmente um insulto a tudo o que a humanidade pregou e tentou viver ao longo de todos os séculos. Não sem razão está em crise que mais que econômica e financeira é crise de humanidade. Ela representa o pior que está em nós, nosso lado demens. Até financeiramente ela se mostrou insustentável, exatamente no ponto que para ela é central.
Esse tipo de civilização não merece ter futuro nenhum. Oxalá Gaia se apiade de nós e não exerça sua compreensível vingança. Mas se por causa de dez justos, consoante a Bíblia, Deus poupou Sodoma e Gomorra, esperamos também ser salvos pelos muitos justos que ainda florescem sobre a face da Terra.
(Envolverde/O autor)
domingo, 3 de maio de 2009
FILMOGRAFIA DO MESTRADO APRESENTA A LUTA DE DIREITOS HUMANOS E EMPRESARIAIS EM TORNO DA ESCASSEZ DA ÁGUA
segunda-feira, 20 de abril de 2009
EUA classificam dióxido de carbono como um risco à saúde pública
"Depois de uma análise completa do relatório científico ordenado em 2007 pela Suprema Corte dos EUA, a Agência de Proteção Ambiental considerou que os gases do efeito estufa contribuem para a poluição do ar, o que pode ser um risco para a saúde pública e para o bem-estar social", disse a EPA, em comunicado.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
PV vai entrar com ADI contra Código Ambiental de Santa Catarina
Liderança do Partido Verde na Câmara dos Deputados
Sec. Nac. de Comunicação - DF31/03/2009 - 21:00
O Partido Verde vai entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) caso o governo de Santa Catarina mantenha a decisão da Assembléia Legislativa que aprovou o Código Ambiental do Estado nesta terça-feira, 31. O projeto, que teve 31 votos a favor e sete abstenções, ainda vai a sanção.
Postado por Elizabeth Santos.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Para analistas, crise e ambiente darão ao Brasil maior influência em 2020
Da BBC Brasil em Brasília
"A crise trouxe uma chance sem precedentes para países como o Brasil", diz Marcos Vieira, professor de Relações Internacionais do King's College, em Londres.
Para ele, a inclusão dos países emergentes nas discussões sobre a recuperação econômica, por meio do G20, é "sintomática", pois já reflete "os novos polos do poder mundial".
Na avaliação de Vieira, a estabilidade econômica conquistada nos últimos anos, aliada a uma participação proativa em fóruns internacionais, reforçou a percepção de que o país tem legitimidade para estar presente nos principais debates mundiais.
"Nesse ponto temos uma grande vantagem sobre os outros BRIC", diz Vieira. "Não somos apenas uma grande economia. Somos um país democrático, pacífico e com credibilidade externa", diz.
A transferência de poder econômico dos Estados Unidos para os países emergentes também é apontada pelo historiador John Schulz, da Brazilian Business School, como um dos resultados da crise global.
Segundo ele, a participação dos países ricos no PIB mundial já vinha declinando e que a crise "deve acelerar esse processo". "O resultado é uma maior participação dos países emergentes à mesa de negociação", diz.
A eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos também é vista como ponto a favor de um sistema financeiro mundial mais democrático. "Há uma expectativa de que ele seja mais aberto ao diálogo e a uma solução conjunta para os problemas mundiais", diz Vieira.
Países como Brasil, China e Índia estão participando do debate, juntamente com os países ricos, sobre a reforma do sistema financeiro global. E o Brasil, como principal economia da América Latina, é visto como estratégico no processo de recuperação econômica.
Na opinião de Vieira, a oportunidade "está dada". Se o Brasil vai aproveitá-la ou não, diz, depende da postura do governo Lula. "O futuro do Brasil nesse sistema está diretamente ligado a respostas que vamos dar agora. É o momento de termos uma proposta clara e objetiva", diz.
Segundo ele, se o Brasil tem qualquer pretensão em reformar instituições financeiras mundiais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, essa é a hora de liderar o movimento.
"A mudança não acontece do dia para a noite, mas o processo tem de começar. E essa é uma boa hora", diz o professor.
terça-feira, 31 de março de 2009
O "pensamento" ambiental do Lula
"Eu digo todo dia o seguinte: se Juscelino Kubitschek fosse presidente da República hoje, com a quantidade de lei que nós criamos, com a quantidade de mecanismos que nós criamos, se o Juscelino resolvesse 'eu vou fazer Brasília', hoje, ele ainda não teria conseguido licença-prévia para fazer a pistazinha para descer o seu teco-teco. Porque está tudo muito difícil para fazer uma obra neste país, tudo muito difícil. Porque você tem meio ambiente nacional, meio ambiente estadual, você tem Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, você tem... é uma quantidade de gente para dar palpite que a gente termina levando muito mais tempo."
Parece que o presidente está com a questão ambiental "transversalizada" na garganta.
Disponível em: <http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-03-22_2009-03-28.html#2009_03-23_16_53_10-129493890-27>. Acesso em: 31 mar. 2009.
Postado por Elizabeth Santos.
domingo, 29 de março de 2009
Poluição piora qualidade de 21% dos rios do País
sábado, 28 de março de 2009
28 de março & Resultados da Hora do Planeta
Conheça lista de cidades, empresas e organizações que aderiram a Hora do Planeta.
Disponível em: <http://www.wwf.org.br/informacoes/horadoplaneta/>. Acesso em: 28 mar. 2009.
Postado por Elizabeth Santos.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Marketing ambiental sofre com a crise
O resultado do estudo, no entanto, não é desesperador, na avaliação de alguns especialistas do setor, que esperavam um índice maior de intenção de corte nas aplicações em projetos do chamado marketing verde. O aumento da importância da atividade nessa área na estratégia das corporações pode ser a explicação.
O meio ambiente é o segundo item mais contemplado em programas de responsabilidade social das empresas. Segundo dados da Associação Brasileira dos Anunciantes (ABA), 68% das organizações afirmam fazer este tipo de investimento, atrás apenas da educação (86%), e 50% aplicam mais de R$ 2 milhões por ano em responsabilidade social.
Unidades
Mas, apesar disso, o consumidor não vê da mesma forma. Levantamento da Market Analysis mostra que apenas 12% dos clientes prestigiam companhias consideradas "responsáveis".
Segundo a pesquisa da RolandBerger Strategy Consultants, a maior parte dos investimentos em tecnologia verde vai para a gestão de água (25,3%) e de resíduos sólidos (22,2%). Algumas corporações chegam ao ponto de criarem unidades "sustentáveis". Estão nesta lista o Banco Real, com uma agência no município paulista de Cotia, e o Pão de Açúcar, com um supermercado de Indaiatuba (SP), que terá uma "cópia" este ano na capital paulista.
Em junho do ano passado, o Pão de Açúcar inaugurou o primeiro "supermercado verde" da América Latina, que demandou investimentos de R$ 7,5 milhões. "Buscamos diminuir o impacto no meio ambiente na operação e na construção ", afirma Paulo Pompilio, diretor de relações corporativas e responsabilidade socioambiental. A loja foi construída atendendo aos Leadership in Energy and Environmental Design, normas internacionais que prevêem aumentar a eficiência no uso de recursos. Estipulam também a diminuição do impacto socioambiental, com redução de 30% em energia, 35% em emissões de carbono, 30% a 50% de água e de 50% a 90% na eliminação de resíduos.
Pompilio diz que a unidade integra novas ações a outras já realizadas pelo grupo na área, como a venda das sacolas retornáveis. Ele nega que a ação tenha cunho de marketing, embora admita reflexos na marca.
Advogado da marca
Ismael Rocha Júnior, diretor de extensão e operações da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), diz que, com o marketing verde, a empresa faz com que o seu consumidor vire "advogado" da marca, pois passa a ter um conhecimento maior sobre a empresa e, além disso, traz associações positivas à marca. Ele alerta, no entanto, para o risco de as empresas se limitarem a atividades pontuais na área.
Segundo ele, companhias que fazem ações de redução de seu impacto no meio ambiente não veem a atitude como marketing, embora certamente haja retorno de imagem. "Não é à toa que existem índices, como o de sustentabilidade, da Bovespa."
Outra empresa que criou uma unidade totalmente sustentável foi o Banco Real, em 2007. O prédio foi construído na cidade de Cotia com tijolos reciclados, tinta sem solventes e assoalho e móveis de madeira certificada. "A sustentabilidade faz parte da nossa estratégia", afirma a superintendente de desenvolvimento sustentável do Grupo Santander Brasil, Linda Murasawa. Estão incluídas aí ações públicas e produtos sustentáveis, como um fundo de investimento.
Divulgação
Valdir Cimino, fundador da Associação Vive e Deixe Viver e integrante do comitê socioambiental da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), observa que 81% das empresas divulgam as atividades de responsabilidade social para seus públicos. E pesquisa encomendada pelo Instituto Akatu mostra que, em 2000, 24% dos consumidores prestigiavam empresas com ações de responsabilidade social, enquanto em 2007 eram apenas 12%.
"O consumidor está tomando consciência de que tem uma escolha, é um processo de aprendizagem", afirma Dorothy Roma, gerente de pesquisas e métricas do Instituto Akatu.
Thomas Kunze, sócio da Roland Berger Strategy Consultants, concorda. Para ele, o investimento no setor é reflexo do amadurecimento da consciência ambiental no Brasil. Exemplo disso, ele acrescenta, é que o índice de empresas que pretendem reduzir os investimentos em sustentabilidade para este ano e o que vem é de "apenas" 27% - em plena crise econômica.
Na Perdigão, as ações de sustentabilidade começaram em 1994, e visam a redução de impactos. Estão na lista o programa de redução do consumo de energia e água, além do menor impacto dos dejetos de suínos. Desde 2008, na unidade de Capinzal (SC) passou a ter uma estação de tratamento de água, na qual foram investidos R$ 1,5 milhão.
A Philips também tem um portfólio de produtos sustentáveis, responsável por 25% do faturamento no ano passado - a meta é chegar a 30% em 2012. "A sustentabilidade faz parte do nosso DNA", diz Marcus Nakazawa, assessor de sustentabilidade da Philips.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)(Neila Baldi).
domingo, 22 de março de 2009
Dia Mundial da Água - 22 de março!
1.-A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.
2.-A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
3.-Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
4.-O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
5.-A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
6.-A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
7.-A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
8.-A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
9.-A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
10.-O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
Postado por Elizabeth Santos
segunda-feira, 16 de março de 2009
A Hora do Planeta 2009
No dia 28 de março, às 20h30, apague as luzes de sua sala
sábado, 14 de março de 2009
Tribunal da Água condena Brasil por más práticas
Tribunal da Água condena Brasil por más práticas
Istambul, 14 mar (EFE).
quinta-feira, 12 de março de 2009
Clima pode comprometer 85% da mata amazônica
Clima pode comprometer 85% da mata amazônica
GUSTAVO FALEIROS colaboração para a Folha de S.Paulo, em Copenhague.
A Amazônia está condenada a perder no mínimo 20% de sua fisionomia original com as mudanças climáticas. O impacto pode ser ainda pior e afetar 85% da floresta se as temperaturas subirem além de 4C, comparadas com níveis pré-industriais.
Este foi o quadro sombrio apresentado pelo Centro Hadley, instituto de meteorologia do Reino Unido, durante o Congresso Científico Internacional sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Grandes empresas ignoram emissões de CO2
A consulta busca avaliar a o conhecimento pelas empresas brasileiras do mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) e o mercado de carbono. O MDL, instituído pelo artigo 12 do Protocolo de Kyoto, tem por objetivo auxiliar os países desenvolvidos a alcançarem suas metas programadas de reduções de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, possibilitar que os países em desenvolvimento cresçam de maneira limpa, conciliando benefícios ambientais, econômicos e sociais.
Foram consultadas pela segunda vez empresas e entidades representativas permitindo uma base de dados para comparar a percepção do setor privado sobre o tema. Das 136 empresas e instituições pesquisadas, 59% têm faturamento anual superior a R$ 200 milhões e são dos setores de energia, agronegócio e papel e celulose.
Para o gerente de sustentabilidade da PricewaterhouseCoopers, Ernesto Cavasin, as empresas estão atentas às mudanças globais: "Mas ainda há muito caminho para percorremos, no Brasil ainda um número pequeno de empresas conhece suas emissões e sem um inventário apropriado as estratégias corporativas de apoio no combate ao aquecimento global podem perder sua eficácia".
Cavasin resumiu os principais pontos da pesquisa, que tem 45 páginas:
- 96% das empresas consultadas consideram os impactos das mudanças climáticas globais estratégicos ou relevantes para o futuro de seus negócios;
- os principais fatores que limitam a realização de projetos de MDL continuam sendo seus elevados custos, a falta de conhecimento técnico e a falta de divulgação de informações sobre oportunidades de projeto de MDL;
- 83% nunca realizaram inventário de suas emissões de gases do efeito estufa.
As empresas que realizam inventário de emissões de gases-estufa foram consultadas sobre as metodologias, os processos utilizados, a transparência, a prestação de contas de seus inventários e os compromissos assumidos.
O conhecimento sobre as atividades das concorrentes internacionais relativas ao mercado de carbono também cresceu de 48%, em 2006, para 64% das empresas consultadas no início de 2008.
Das instituições consultadas, 43% nunca realizaram nenhuma forma de divulgação sobre o mercado de crédito de carbono e/ou sobre o MDL. Entre as que já realizaram, a maior parte foi realizada por meio de eventos, como seminários e workshops.
Postado por Elizabeth Santos
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Depois do carnaval, mãos à obra
Enfim, o ano no Brasil começa agora.
Certamente a crise será a sua marca principal. Demissões em grandes empresas se iniciaram, a exemplo da Embraer, sendo difícil saber até que ponto será possível reverter a perda de postos de trabalho pela desaceleração da produção industrial.
Dois mil e nove, por outro lado, pode ser um ano especial pelo fato de que não teremos eleição, ainda que o governo Lula esteja em campanha a favor da Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, até aqui a mais provável candidata do PT. Do outro lado, tudo leva a crer que José Serra será o candidato do PSDB.
Em todo o mundo os candidatos se tornam muito semelhantes em suas propostas macroeconômicas, em que pese a fissura nos principais pilares da economia mundial, principalmente a crença de que o mercado seria capaz de resolver os problemas da sociedade.
A crise mundial demonstrou a fragilidade das instituições públicas diante da conduta irresponsável de muitos agentes econômicos financeiros, de modo que o lado bom da crise está exatamente no redesenho de políticas públicas e de instituições nas várias esferas de governo, isto é, global, nacional e subnacional.
Talvez o que mais impressione em tudo isso seja a falta de responsabilidade de figuras públicas e executivos de grandes grupos corporativos, que não encontraram limites em sua ação predatória e que levaram milhões de famílias no mundo inteiro a conviver com o desemprego e outros males irreparáveis a curto e médio prazo.
Enfim, o mínimo que se pode esperar é que a crise seja capaz de gerar uma nova era de responsabilidades.
Voltando ao ano de 2009, acredito que este seja um ano especial no que tange ao aquecimento global em razão da reunião da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas a se realizar em Copenhague no fim do ano. O objetivo é se estabelecer novas obrigações por parte dos países no que tange à emissão de gases efeito estufa, permitindo que se possa inverter a curva de emissões até o ano 2020, assegurando-se, desse modo, que os danos sejam administráveis.
Explico: ainda que parássemos de lançar tais gases na atmosfera, o que já fizemos nas últimas décadas não é possível de reversão. Reside aí um aspecto fundamental de toda a discussão sobre o impacto da humanidade sobre o planeta: normalmente os danos são irreversíveis, de modo que todo esforço deve ser feito para se evitar os mesmos.
Dois mil e nove, portanto, é um ano especial pois a nossa capacidade de gerar um regime internacional que trate do futuro do planeta está sendo escrito.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Iceberg maior que Havaí se desprende da Antártida
Um bloco de gelo de 14 mil km², maior que a ilha do Havaí, se desprendeu da Plataforma de Gelo Wilkins, na península antártica, como "consequência do aquecimento global", informou nesta terça-feira o Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), na Espanha. Os icebergs gigantes nos quais este bloco de gelo se fragmentou começam a se espalhar pelo Oceano Austral.
Uma equipe de pesquisadores do CSIC analisa desde o último domingo, a bordo de uma embarcação de pesquisa oceanográfica, o impacto do fenômeno sobre o ecossistema do Mar de Bellingshausen. A equipe científica também presenciou como a frente de gelo do Mar de Bellingshausen retrocedia 550 km em duas semanas.
Os cientistas disseram que as temperaturas de água são extraordinariamente quentes nesta região. Segundo os pesquisadores, o desprendimento e a fragmentação do enorme bloco de gelo produzirá o conseqüente aumento do nível do mar.
Nos últimos 50 anos a península antártica experimentou o maior aumento de temperatura registrado no planeta: 0,5 grau centígrado por década.
Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3580599-EI299,00.html>. Acesso em: 17 fev. 2009.
Postado por Elizabeth Santos.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Gravidade do aquecimento global foi subestimada, diz cientista
da BBC
O aquecimento global no decorrer deste século será mais grave do que se acreditava até agora, segundo Chris Field, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês).
O especialista afirmou ainda que as temperaturas futuras "vão passar de qualquer valor que tenha sido previsto".
Field fez o alerta no sábado, durante o encontro anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Chicago.
Ele foi um dos autores do relatório divulgado pelo IPCC em 2007, que estimava que as temperaturas iriam subir entre 1,1º C e 6,4º C até o fim deste século.
Leia na íntegra aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u504315.shtml
Postado por Elizabeth Santos
sábado, 24 de janeiro de 2009
STF não permitirá que interesses se sobreponham
A agenda do órgão de cúpula do Poder Judiciário no país, a quem compete, precipuamente, a guarda da Carta Magna, promete uma intensa movimentação ao longo deste ano. Alguns temas polêmicos e de grande importância para a população estão prontinhos para serem submetidos a julgamento pelo Plenário daquela Corte.
Dentre esses julgamentos previstos está a conclusão sobre a demarcação da área indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, com previsão de retorno ao Pleno nas primeiras sessões do próximo mês. Também deverão ser julgados neste ano, os processos sobre a questão das cotas raciais, interrupção da gravidez de fetos anencéfalos, Lei de Imprensa e o monopólio dos Correios.
Nesta pauta de julgamentos do ano, um tema interessa muito ao Brasil e, particularmente ao estado de Goiás — o uso controlado do amianto —, uma vez que a empresa, localizada em Minaçu, está entre as três maiores produtoras mundiais de amianto crisotila e explora Cana Brava, considerada a maior mina da América Latina.
No Supremo estão sendo questionadas diversas leis estaduais que proíbem o uso do amianto. Mas, quais os verdadeiros interesses que estão por trás dessas leis, cujos autores posam de defensores do meio ambiente e da saúde do trabalhador? Estas iniciativas, produzidas ao arrepio do ordenamento constitucional pátrio, estão inseridas no contexto de uma campanha perversa.
Movida unicamente pelos interesses comerciais dos fabricantes de fibras sintéticas, ela tem como objetivo a proibição do amianto crisotila no país. Essa campanha, é bom que se diga, está estrategicamente relacionada aos interesses econômicos de multinacionais que almejam lucrar com a substituição compulsória dessa fibra natural, de baixo custo, e que traz benefícios para a população brasileira em geral — hoje 50% das casas no país possuem telhas com o mineral. Além disso, mais de 130 países utilizam a fibra de amianto crisotila.
É relevante esclarecer, a propósito, que a legislação nacional já prevê medidas preventivas dos riscos à exposição profissional ao amianto. Tanto a Lei 9.055/95 quanto o Decreto 2.350/97 fazem exatamente isso, e com muito rigor. Ademais existem normas coletivas de trabalho, nas quais patrões e empregados estabelecem os padrões de controle e segurança mais eficazes que os praticados no panorama internacional.
Desde a década de 1980, um acordo coletivo firmado entre os trabalhadores e empresas da cadeia produtiva do fibrocimento com amianto garante, no país, que o índice de fibras em suspensão no local de trabalho seja muito baixo, o que assegura um ambiente saudável e equilibrado para todos os trabalhadores do setor. Inexiste qualquer registro de doença relacionada ao amianto entre os trabalhadores deste segmento contratados a partir de 1980 no Brasil.
A mais alta Corte deve julgar neste semestre uma Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANTP) contra a lei federal, que autoriza o uso controlado do amianto branco, o nosso crisotila.
Um fato extremamente interessante acerca dessa polêmica jurídica foi a liberação pela 4ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre (RS) da venda de produtos a base de amianto crisotila, como telhas e caixas d’água. Na ocasião, o juiz deliberou pela procedência de uma ação movida pela Federação das Associações dos Comerciantes de Materiais para Construção do Estado do Rio Grande do Sul e pelo Sindicato do Comércio Varejista de Materiais para Construção do Rio Grande do Sul.
No julgamento do processo, em que as entidades gaúchas questionam a constitucionalidade de uma lei estadual que limitou em três anos o prazo para que as empresas deixem de usar produtos à base de amianto no Estado, o magistrado entendeu que o referido diploma extrapolou os limites correspondentes à legislação suplementar, uma vez que já existe uma lei federal regulamentadora da extração, beneficiamento e uso do amianto crisotila em todo o país.
A nossa firme expectativa e confiança é no sentido de que o Supremo não permitirá que interesses econômico-financeiros de multinacionais, travestidos de boas intenções em defesa da saúde do trabalhador, venham se sobrepor à soberania nacional.
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-jan-22/amianto_stf_nao_permitira_interesses_sobreponham_soberania#autores>.
Enviada por Manuela Storti Pinto e Postado por Eliseu Raphael Venturi.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente |
O PNUMA, estabelecido em 1972, é a agência do Sistema ONU responsável por catalisar a ação internacional e nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento sustentável. Seu mandato é prover liderança e encorajar parcerias no cuidado ao ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações. O PNUMA tem sua sede no Quênia e atua através de seis escritórios regionais, estando o escritório da América Latina e Caribe baseado no México. Em 2004, o PNUMA inaugurou seu escritório no Brasil, que, com os da China e Rússia, fazem parte de um processo de descentralização que visa não só reforçar o alcance regional do PNUMA, mas também identificar, definir e desenvolver projetos e atividades que atendam, com maior eficácia, a temas emergentes e às prioridades nacionais. O PNUMA trabalha com uma ampla gama de parceiros, incluindo entidades das Nações Unidas, organizações internacionais e sub-regionais, governos nacionais, estaduais e municipais, organizações não-governamentais, setor privado e acadêmico, e desenvolve atividades específicas com segmentos-chave da sociedade como parlamentares, juizes, jovens e crianças, entre outros. As principais áreas de atuação do PNUMA no Brasil se relacionam a:
Através dos links indicados abaixo, podem-se acessar maiores informações sobre os programas e as atividades do PNUMA em todo mundo, além de documentos técnicos (em inglês, francês e espanhol), publicações, campanhas e outras informações de interesse ambiental. O site do Escritório Regional para América Latina e Caribe oferece ainda um resumo de artigos e notícias ligados a temas ambientais coletados diariamente junto a meios de comunicação da região. Links
EQSW 103/104 Lote 01 – Bloco C – 1° andar, 70670-350 – Brasília – DF – Brasil Disponível em: http://www.onu-brasil.org.br/ |
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
16. Meio ambiente: o primo pobre da crise econômica?, artigo de Antônio A. R. Ioris | |
“A natureza também não pode se tornar refém de remendos a um modelo econômico comprovadamente inviável, baseado na demência consumista e na degradação ambiental progressiva” Antônio A. R. Ioris é professor da Universidade de Aberdeen. Artigo publicado no “Valor Econômico”: Mesmo um país tão escolado em crises e atropelos econômicos como o Brasil não convive facilmente com a perspectiva de esfriamento da atividade produtiva que se avizinha. Tudo leva a crer que os próximos anos serão marcados por taxas menores de produção, menor oferta de empregos, estagnação comercial e acirramento de conflitos. Mas as crises econômicas, uma vez devidamente respeitado o sofrimento alheio, podem suscitar oportunidades para se buscar alternativas que tornem a economia menos vulnerável no futuro. Com um pouco de sangue frio, podemos observar em retrospecto que a atual crise econômica, que começou por castigar bancos e mercados nos países mais industrializados desde meados deste ano, tem uma explicação simples, mas requererá soluções complexas. Nada poderia ser mais previsível do que o colapso dos processos de acumulação que se consolidaram desde o final da década passada, em grande medida baseados na especulação imobiliária, no oportunismo financeiro e em artificialidades cambiais. Há muito que se previa o furo da bolha e, pelo menos entre os mais lúcidos comentaristas, a questão era apenas saber quando e onde o castelo de cartas iria começar a ruir. Para quem se lembra daquele jogo "banco imobiliário", a analogia é perfeita: o mercado de imóveis movia-se sempre em círculos, ao sabor dos dados, comprando imóveis de plástico e apostando contra a fraqueza dos demais. Todos tentavam obter ganhos máximos no menor intervalo de tempo possível (no Reino Unido, o mercado de imóveis foi uma grande festa com uma subida média de preços de 241% entre 1994 e 2008). Ao mesmo tempo, muitas pessoas foram levadas a colocar todo o dinheiro que podiam em mercados da carochinha, como Islândia, Jersey e Ilha de Man. Enquanto o desvario do lucro fácil tomou conta das transações imobiliárias e do mercado financeiro (ao ponto de a Escócia ter chegado a uma dependência elevadíssima da atividade bancária para a formação do seu PIB), deslocou-se a produção de bens e mercadorias para os rumos do nascente, China e Índia em particular. A farra se baseava não somente na apropriação do suor asiático, mas na manutenção de preço baixos de matérias primas e recursos naturais (inclusive petróleo). O equilíbrio do sistema era tão tênue e frágil, que deu no que deu. E tudo isso parece ser apenas o começo de um longo e penoso processo de reacomodação. Como bem descrito pelos economistas do Século XIX, há uma tendência inescapável no capitalismo de alternar fases de bonança com períodos de desvalorização do capital, necessária para que se restabeleçam as bases de acumulação (temporariamente?) perdidas. Se o diagnóstico da crise depende apenas de um pouco de bom senso e de conhecimentos rudimentares de história e economia política, a questão crucial é localizar rapidamente a porta de saída. Contudo, como se diz no vernáculo dos botequins, aqui é que mora o perigo. Existe o grave risco de se considerar a crise econômica apenas como uma questão de erro de dosagem, ou seja, um superaquecimento circunstancial do mercado imobiliário e dos ganhos na bolsa de ações. Mas é preciso que se perceba a dimensão histórica, e quiçá pedagógica da crise, uma vez que as chuvas e trovoadas que se aproximam refletem distorções e desarranjos muito mais profundos. Herdamos do Século XX, em que pese avanços impressionantes na comunicação e transmissão de idéias, uma globalização dos mercados que tem servido para democratizar bugigangas e inutilidades várias. Como descrito décadas atrás por J. K. Galbraith (no seu livro "The Affluent Society"), o atual sistema de produção induz a uma demanda por mercadorias que é essencialmente perdulária e irresponsável. Ao ponto de a grande função do emprego hoje ser a manutenção do crescimento econômico por meio do fluxo de consumo, mesmo que sejam artigos de necessidade e valor duvidosos. Ou seja, não mais a produção, mas o consumo, tornou-se a principal força motriz da economia globalizada. Daí a necessidade de salvaguarda do crédito e de redução dos juros, para que se consuma, compulsivamente, cegamente, patologicamente. Comprar e jogar fora, o mais rápido e ostensivamente possível. O condicionamento é tal que, ao se restringirem as compras, muitos passam imediatamente a um estado depressivo (não é à toa que as igrejas britânicas, ao acolher os filhos guachos do consumismo, começaram a registrar uma assistência crescente nas últimas semanas). Mas não adianta agora chorar o leite, as ações e os cartões de crédito derramados. Não basta que se critique a gênese da crise se não forem identificados caminhos novos, se não se aprender com os erros de uma cegueira coletiva (qualquer semelhança com o livro do Saramago, não é mera coincidência). Se não se repensar a lógica dos mercados, não adianta nada querer fazer apenas ajustes na velocidade: iremos, sempre e novamente, para o precipício. Contudo, é sintomático que muitos ainda busquem insistir no erro, desnudar um santo pra vestir outro. E o primeiro ataque é sempre sobre o meio ambiente! Clamam os falsos profetas: que se abram as portas da legislação ambiental, porque é preciso voltar a produzir e consumir, não importando em que termos se produzia e consumia antes da crise. Podemos ver que no Reino Unido, por exemplo, os empresários já começaram a fazer uso da comoção geral para reivindicar vantagens fiscais e condescendência regulatória. Há uma renovada expectativa que indústrias pesadas ou loteamentos em áreas de preservação sejam agora finalmente aprovados. Da mesma forma, durante o encontro sobre mudanças climáticas na Polônia, em dezembro de 2008, o governo alemão, em nome da maior economia européia, buscou evitar metas de redução de carbono que venham a afetar suas indústrias e a geração de energia a partir de carvão. Havemos de manter os olhos e ouvidos muito atentos, especialmente quando começar aquela valha ladainha: "produção versus meio ambiente", "emprego versus impostos", "fiscalização ambiental versus apoio eleitoral"... aquele cantochão manjado: "aprovem meu projeto de investimento (com dinheiro público, naturalmente) que ninguém vai se importar que se destrua uma pontinha de mato ou se polua um trechinho de rio". Com esse argumento de que é bom degradar para que a economia cresça, que o Brasil é grande e não vai fazer falta, que mata em pé e terra de índio são desperdícios, levaram-nos o pau-brasil, as araucárias, a caatinga, o cerrado e agora vai nas costas do ladrão o Pantanal e já boa parte da Amazônia. Ora, cara-pálida, se nos anos de vacas gordas, não se pensou em socializar os ganhos fáceis, por que agora deveria se aceitar a destruição de um patrimônio natural que pertence a todos? Por que motivo, agora que a maré refluiu, deveríamos concordar com o seqüestro dos fragmentos de meio ambiente que ainda sobram? Para desconforto de muitos ambientalistas, cabe enfatizar que a questão central aqui não é ética ou sentimental, mas profundamente política. Quando se tenta convencer que vale a pena trocar água, solo e ecossistemas por crescimento econômico (que não é decidido e tampouco beneficia a maior parte da população), estamos lidando com demonstrações concretas de desigualdades de poder. Vejamos o São Francisco: cada vez mais degradado por culpa da lavoura exportadora, das cidades sem saneamento e das hidroelétricas sedentas, mas aqueles que vivem perto do rio e sofrem mais de perto sua agonia não têm muito que celebrar em termos de melhoria de vida. O problema ambiental, com todas suas facetas materiais e simbólicas, nunca deixa de ser uma combinação de injustiça social, covardia administrativa e inversão de prioridades econômicas. Essa previsível chantagem sobre o meio ambiente é tão antiga quanto as crises, com a grande diferença que a natureza não se recupera quando a crise passa. Se em um momento como agora existe a ameaça de avançarem sobre o meio ambiente em troca de promessas econômicas vagas, há também o risco de vermos, como já estamos, economistas e empresários que tentam nos convencer que o momento pode servir para que se promovam as ditas mercadorias ambientais, como créditos de carbono e pagamento por serviços ecológicos. Conforme teorizado pelo geógrafo escocês N. Smith, a transformação da conservação ambiental em mecanismo de acumulação representa a mais nova fronteira do capitalismo mundial. Mas os defensores dessa chamada "modernização ecológica" desprezam o fato de que conservação ambiental e adoção de tecnologias responsáveis deveriam ser uma exigência inegociável da atividade produtiva e não uma prática que, para ser adotada, requer uma compensação monetária. Insiste-se, assim, na mesma racionalidade da acumulação fácil e "naturalização" do valor do dinheiro, a qual foi a causa desta e de outras crises, para mitigar os efeitos negativos que a própria acumulação causou. Além disso, não faz sentido que se paguem agricultores para manterem água, solo e biodiversidade se não forem eliminados as exigências tecnológicas e alfandegárias que distorcem todo o mercado agrícola nos quatro cantos do mundo. Enfim, não cabe lamentar as conseqüências nefandas da crise se nada for feito para eliminar o risco de que a fatura seja paga por aqueles que menos se aproveitaram da festa. A natureza também não pode se tornar refém de remendos a um modelo econômico comprovadamente inviável, baseado na demência consumista e na degradação ambiental progressiva. Se não nos perguntarmos como a crise econômica começou, corre-se sempre o risco de voltarmos, geração após geração, ao muro das lamentações, apenas com menos meio ambiente para ser rifado no futuro. O Brasil, com os recursos naturais que tem, pode perder muito se aceitar que se curvem, sociedade e governo, às exigências de uma atividade mercadológica disfuncional e injusta. Sem nos atentarmos para a relação direta entre crise econômica, exclusão social e exploração ecológica, nada de positivo poderá emergir da atual experiência. Claro que não se esperar que esse debate venha a ocorrer espontaneamente. É preciso levantar a voz e dizer que desvario econômico e pilhagem ambiental não podem mais seguir de mãos dadas. (Valor Econômico, 16/1) Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61120>. JC e-mail 3682, de 16 de Janeiro de 2009. Postado por Eliseu Raphael Venturi. |
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Minc cobra de Mangabeira agilidade para o Plano Amazônia Sustentável
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JC e-mail 3680, de 14 de Janeiro de 2009. | ||||||||
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domingo, 11 de janeiro de 2009
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JC e-mail 3676, de 08 de Janeiro de 2009. | ||||||||||||||||||||||||
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