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ANA PAULA LIMA
O homem que estudou e procurou explicar os efeitos práticos da globalização e das economias de escala venceu o Nobel da Economia. Paul Krugman é norte-americano e um crítico feroz da política de George W. Bush.
"Vou tomar um banho, para depois dar uma conferência de imprensa. Já falei com os meus pais e a minha mulher, mas ainda não tive tempo de tomar café", foram as palavras do economista ao receber os primeiros contactos da imprensa. Ao final do dia, o vencedor do Nobel da Economia e de um milhão de euros, declarava a uma televisão sueca que estava em "choque". "Espero voltar a ser a mesma pessoa dentro de duas semanas", disse o economista.
No momento de crise financeira, que afecta a economia globalizada, Paul Krugman não podia estar mais certo ao defender que os mercados nem sempre funcionam, mas, para Krugman, o fracasso dos mercados prende-se com a falta de economia de escala.
As suas conclusões revolucionaram a teoria do comércio internacional que vigorava na década de 70, e que se baseava na máxima de que os mercados funcionavam bem de forma independente.
O professor da Universidade de Princeton foi escolhido pela Real Academia Sueca das Ciências por ter relacionado geografia económica e comércio internacional, explicando que alguns produtos e serviços podem ser produzidos mais baratos em série, o conceito de economia de escala.
A teoria do "New Trade", explica porque é que progressivamente se foi substituindo a produção de pequena escala em economias locais, pelas produções em escala, dominadas por grandes empresas globalizadas. Krugman estudou o impacto desta transformação nos padrões de comércio e na localização da actividade económica e deu um nova interpretação ao comércio internacional.
Poucas horas antes de ser conhecido o nome do vencedor do Nobel da Economia, Krugman dava, num blog, a sua opinião sobre a solução para a crise financeira actual. O professor defende que o Governo britânico está certo. A nacionalização parcial das entidades bancárias é apoiada pelo economista que elogia, também, os países da Zona Euro. "Parece que os governos da Zona Euro deram conta do recado, adoptando mais ou menos o plano britânico (...). Eu deveria ter encorajado mais o Governo britânico, que excedeu largamente as expectativas e efectivamente mostrou ao mundo o caminho a seguir", escreve Paul Krugman.
Natural do país onde os cuidados de saúde são uma benesse de quem tem seguros, Krugman defende o sistema de segurança social. Este é um dos pontos que o também colunista do "New York Times", critica na governação Bush. Catalogado de "liberal", Paul Krugman, tem vindo a dizer que as propostas do candidato John McCain o "assustam", sobretudo em matéria de segurança social.
Apesar das opiniões políticas consideradas de "esquerda", o Nobel foi conselheiro para os assuntos económicos de Ronald Reagan, na década de 80, em plena guerra fria.
Actualmente, lecciona Economia e Assuntos Internacionais, e o seu trabalho de pesquisa tem-se centrado nas crises económica e monetária. Natural de Long Island, em Nova Iorque, Krugman tem 55 anos e licenciou-se na Universidade de Yale, em 1974, e é doutorado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Ontem, no seu blog escreveu: "uma coisa engraçada aconteceu-me esta manhã".
Disponível em: <http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1026686>.
Acesso em: 13 out. 2008.
Postado por Elizabeth Araujo dos Santos
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